sábado, 3 de março de 2012

a vida de um Bodybuilder


Conheça a realidade sobre a vida de um Bodybuilder. Um diário real de um fisiculturista – Pt1


Parte 1 – Eu sou o fisiculturismo
Quem sou eu? O que estou fazendo? Para que tanta dor, tanto sofrimento, tanto ranger de dentes? Pra que tanto sacrifício? Qual meu objetivo final? Por que optei ser assim? Por que não consigo fugir das coisas que me trazem medo? O que me leva a buscar o que jamais foi alcançado um dia? O que me leva enfrentar tudo isso?
Meu nome é Marcelo Sendon. Sou fisiculturista e este está longe de ser meu hobbie ou minha diversão. E já que os opostos se atraem e, geralmente o ser humano foge de tudo que me aproximo, digo que esta é minha paixão!
Quando digo isso, muitas pessoas ficam chocadas não aceitando ou, simplesmente, acham que não se trata nada mais de uma mera brincadeira momentânea, ou que faço em minha vida mesmo… Doce ilusão, doce…
A definição de fisiculturismo a grosso modo é o culto ao físico. Culto a algo estético que envolve não tão somente olhares, mas apreciação (ou depreciação em alguns casos), impacto (negativo ou positivo) e claro, julgamentos. Logo na idade da pedra, ter um corpo ágil e forte era primordial para a sobrevivência e conservação da espécie própria. Assim como logo na Grécia antiga, corpos e simetria dos deuses e dos homens eram admirados e, claro, cobiçados. O fisiculturismo passou por gerações, desde os primitivos esportes de força, ao moderno simples culto a estética.
Além de estética e força, hoje já se sabe, após algum estudo, que o fisiculturismo ou a musculaçãonão serve unicamente para obter um corpo grande, forte e denso, mas também resistente. Mais do que resistência, os benefícios da musculação são inimagináveis para o corpo humano. Poderíamos falar por horas das recuperações de lesões possíveis através da musculação, ou da otimização do sistema cardiovascular. Talvez pudéssemos fazer algumas páginas unicamente dedicadas a falar sobre os benefícios do impacto hormonal que a musculação traça nas pessoas com ou sem doenças (tais como diabetes, problemas na hipófise e muitos outros) ou até mesmo da flexibilidade que a mesma resulta. Poderíamos dedicar outras milhões de páginas falando sobre os benefícios no crescimento de crianças e púberes, na ajuda a consolidação das articulações ou até mesmo na cura de diversas enfermidades. Quem sabe então dos benefícios para a terceira idade, conferindo maior qualidade de vida… Mas não, o intuito desse relato de cinco dias não é apresentar as verdades sobre o esporte musculação em si, mas mostrar o pensamento de um fisiculturista e suas reais dificuldades, angústias, frustrações e medos. O intuito é mostrar o que poucas pessoas vêem por trás destes corpos gregos. É mostrar que nem tudo é fácil e nada se consegue sem dar um pouco de suor. A intenção é tentar abrir os olhos de muitas pessoas que simplesmente condenam sem conhecer. Na verdade, este não  é um texto programado. É um texto real que acontecerá no acaso do decorrer dos fatos. Sem omissões e sem cortes.
Todavia, não considero o fisiculturismo unicamente um esporte, mas uma paixão, em primeiro plano. Considero o fisiculturismo mais do que isso, considero-o um estilo único de vida que necessita ser individualmente vivido e sentido. Simplesmente é um tal estilo no qual não se pode optar por muitas coisas, mas apenas seguir uma obrigação e um caminho que você mesmo constrói para atingir um objetivo.
Não quero desconsiderar qualquer esporte, pois todos tem seus méritos. Tampouco, quero dizer que pessoas não praticantes de esportes são inferiores por isto. Mas a vida de um fisiculturista ativamente começa as 5 ou 6 da manhã e se encerra mediamente as onze da noite. Inicia-se com a primeira refeição e encerra-se com a última refeição. Além disto, diferente da maioria dos esportes, o fisiculturismo não limita-se apenas aos quarenta ou sessenta minutos dentro da academia. Mas todo o período do dia e da noite. Envolve uma alimentação super equilibrada e milimetricamente calculada/planejada, descanso adequado e opressão a muitas atividades. Talvez sejam por estes fatores que muitos nos acham simplesmente loucos.
Você tem noção do que é recusar uma balada com amigos ou mesmo um cervejinha no final de semana? Você tem idéia do que é abrir mão de lanches e guloseimas gostosas para comer algunsovos com batata doce? Será que você poderia fazer idéia do quando machuca ter de ver todo mundo em um dia de calor chupando um delicioso sorvete de qualquer sabor e você, ali, morrendo de vontade e com uma garrafa de água gelada na mão? Pois bem, pelo menos, sou grato por essa água. É ela que ajuda a hidratar meus músculos e as células do meu corpo. Sou grato, sim, de coração! Olhando esse tipo de coisa é que se aprende a dar valor as pequenas coisas na vida.
Aliás, se toda essa guerra pessoal fosse o único problema, talvez não seria tão difícil. É normal (ou pelo menos tornou-se normal) ver a sociedade julgar as pessoas por seus atos e por sua aparência física (apesar de paradoxo, pois pregam boa forma ao mesmo tempo que criticam quem a busca com toda a garra). Esquecem que por trás daquelas “atitudes estranhas” também existe um ser humano que necessita de compreensão, que ama, que sofre, que sente dor e que é tão gente quanto você. Mas é mais fácil jogar meia-dúzia de conceitos banais e mais meia-dúzia de julgamentos a ver o que acontece por trás de tudo aquilo, não é mesmo? Nós julgamos, nós somos julgados. E a pedra atirada, nunca mais volta, assim como o vaso que um dia foi quebrado ou a palavra que um dia foi proferida. Mas  você vai entender isso bem ao decorrer deste mini relato. E vai entender o porque estou dizendo coisas que ao princípio parecem desconexas ou “tempestade em como d’água”.
Artigo escrito por Marcelo Sendon

ANDREIA CAETANO PIUMHI MG

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